segunda-feira, 28 de maio de 2018

CRUZEIRO COMEÇA A SE APROXIMAR DO TOPO DA TABELA DO BRASILEIRÃO

Por: Dr. Julio - 28/05/2018 - 11:09
O jogo foi muito bom. O Santos caiu na arapuca armada pelo Mano Menezes, de atrair o adversário e sair nos contra ataques. Alguém pode dizer que a arma é manjada, tudo bem! Mas neutralizá-la é que são elas. Nem com toda a força do locutor da TV, torcendo escancaradamente para o Santos.
E nessa toada, o Cruzeiro vai se credenciando à briga pelo título em todas as competições do ano. O time todo foi bem, com destaque para a condição física. Mesmo enfrentando um adversário cuja idade média é bem inferior.
A paciência da torcida santista vai se esgotando com o técnico Jair Ventura, tido como a grande revelação dos últimos anos, pelo bom trabalho no Botafogo. Com mais estrutura no time paulista, esperava-se bem mais dele. Foi mal no paulista e está em 16º no Brasileiro, com seis pontos, lutando pra não entrar na zona do rebaixamento.
Duro mesmo foi ter de aguentar as interrupções da transmissão da Globo, que mostrou várias vezes os preparativos da seleção para o embarque para a Copa. Até o avião pegar voo. Uma coisa estranha, antiga, que pensei que não se usasse mais. Ufanismo fora de moda. Até parecia que eram soldados indo pra uma guerra!
  Maravilhoso quando a turma fala que jogadores como Gabigol são craques. Antes dele, no Santos, era o Lucas Limas, agora no Palmeiras. Não que sejam ruins; longe disso. A badalação e a bajulação que os segue, como segue todo jovem valor que aparece no Santos, é um negócio brutalmente equivocado. É um tal de sucessor do Robinho pra cá, um tal de sucessor do Neymar pra lá. Bom para os adversários.
Já o Cruzeiro fez um jogo muito bom diante do Santos, no Pacaembu, na tarde deste domingo, válido pela 7ª Rodada do Campeonato Brasileiro. Jogou de igual para igual, criou oportunidades em grande volume quando foi à frente, algumas delas claríssimas, sobretudo as desperdiçadas por Robinho, em grande jogada de Raniel, e a depois por Rafael Sóbis, em ataque armado por Henrique.
Vitória importante para o time no campeonato; era preciso voltar a uma posição mais próxima dos líderes, de onde o Cruzeiro havia se afastado em face do desempenho ruim no começo da competição. Ao jogar fora é preciso ser inteligente; detesto quando o time sai de casa para jogar só na defesa. Aos poucos estamos entendendo que o fator casa do adversário, força de torcida, pressão, caldeirão é mais fetiche e clichê do que realidade, como se viu diante do Santos e poderia ter sido na derrota frente ao Fluminense.
Raniel vai mostrando o seu valor e mostrando que merece espaço. Mesmo entrando no decorrer do jogo foi mais importante que o próprio Rafael Sóbis, cujo contrato torço para terminar logo para que ele siga o seu estilo disperso noutro lugar (muito longe daquele jogador importante que um dia a gente conheceu). Foi decisivo na criação do lance que Robinho perdeu, em defesa de Vanderlei, e depois no escanteio, desviando na 1ª trave a bola que chegou para o contestado Bruno Silva marcar e começar a construir o seu caminho no Cruzeiro.
Edilson veio ao Cruzeiro e ainda não mostrou o que pode fazer. Tudo bem que estava voltando de contusão, contudo, precisa fazer um pouco mais no apoio ao ataque. Tem sido um lateral burocrático, guardador de posição apenas.
Fico imaginando como seria o Robinho em perfeitas condições físicas. É um jogador inteligente e capaz de dar passes incríveis em espaços reduzidos. Gostei da luta de Sassá que, mais uma vez, fugindo de suas características de referência na área tem buscado espaços, em particular pelo lado direito do campo, ajudando o time.”

MAIS UM TÍTULO DO REAL MADRI

Por: Dr. Julio - 28/05/2018 - 10:56
O twittetr Goleada Info‏ @goleada_info decretou depois do primeiro gol: “Esse certamente é o gol mais louco que você já viu numa final de Champions League!”
Depois do jogo, o correspodente do SBT na Europa, Sérgio Utsch, escreveu, direto de Londres: “ @utsch: Torcida do Liverpool aplaude Karius. Apóia o goleiro. Que cena maravilhosa.”
***
Torci para o Liverpool. Mas sabia que vencer o Real Madri seria quase impossível, por causa da maior quantidade de craques acima da média do time espanhol. O jogo estava até equilibrado. A falha do goleiro Karius no gol do Benzema era “o de menos”, principalmente porque o Mane empatou logo depois. O grande problema foi o segundo gol do Real. Como se precaver contra uma bicicleta daquela distância e de uma bola entrando na gaveta? Aí está a diferença de um time que tem vários craques acima da média para qualquer adversário, ainda que seja um ótimo adversário. Lembremo-nos que o cruzamento foi feito pelo Marcelo, melhor lateral do  mundo. Até outro dia, Bale, o dono da bicicleta era o jogador da transação mais cara do futebol mundial.
Mas o vilão maior de mais um título do Real Madri é o goleiro Karius, coitado. Errou feio nos dois gols, mas tem defesa: no primeiro, abusou da ansiedade, de querer repor rápido a bola e tentar o contra ataque. Dançou! No segundo, quase a mesma coisa. Bola tranqüila, era só pegar e repor rápido. Só que a pressa o derrotou de novo e um frango histórico se consumou.
Acontece! Mas se trata de um ótimo goleiro, bancado pelo técnico Jurgen Klopp, também alemão, que o elogiou três meses atrás, depois de um 2 a 0 sobre o Newcastle pela Liga inglesa: “Foi melhor que eles tivessem aquele chute porque, se não tivessem, ninguém estaria falando sobre o nosso goleiro. Essa defesa foi como marcar um gol. Se ele não fosse um bom goleiro, eu seria o maior idiota do mundo para colocá-lo na formação. Ele é um goleiro proeminente e qualificado. Seu começo não foi tão bom, mas na nossa vida é assim. Ele precisava de tempo e precisava de treinamento”.
Outro vilão eleito pela imprensa foi o zagueiro Sérgio Ramos, que tirou o egípcio Salah de campo, num golpe de judô.
Ele foi sacana sim, com requintes de covardia, mas não foi o primeiro e nem será o último a usar de métodos sujos para tirar de campo um adversário fundamental. Machuca àqueles que defendem e acreditam no “fair play”, mas enquanto isso o Real levanta mais uma taça!
O portal Terra Futebol‏ mostrou como anda a barra do zagueiro malvado do Real: @FutebolTerra : “Sérgio Ramos tira Salah de campo e gera revolta nas redes”. 

Só espero que o Salah contrarie as previsões inciais e consiga sara o ombro e disputar a Copa da Rússia.
Salah no momento do golpe do Sérgio Ramos.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

TOMBENSE TRIUNFA DIANTE DO EXPERIENTE BRAGANTINO

Por: Dr. Julio - 07/05/2018 - 18:37
Foi sofrido. Mas o Tombense derrubou a invencibilidade do Bragantino na tarde deste sábado, 5, ao vencer por 1 a 0 no estádio Almeidão, pela quarta rodada da Série C do Brasileiro. O único gol da partida foi marcado por Daniel Amorim aos 42 minutos da segunda etapa.

Invicto em casa neste ano, o Tombense foi ao ataque e dominou o Bragantino desde o início da partida. Líder da chave B, o Massa Bruta se limitou a se defender e não conseguiu encaixar contra-ataques. Apesar do Gavião ter pressionado muito, não criou boas chances na primeira etapa. O goleiro Alex Alves só foi fazer uma grande defesa aos 34 do segundo tempo. Com o passar dos minutos, a pressão só aumentou. Até que aos 42, Everton Sena fez linda jogada e colocou a bola na cabeça de Daniel Amorim, que testou firme para o gol e definiu a vitória dos mineiros.

 Bragantino tenta a reabilitação no próximo sábado, 12, quando recebe o Ypiranga-RS às 16h no Nabizão. O Tombense visita o Operário-PR no domingo, 13, às 15h30, no estádio Germano Grüger.

DEDÉ, O NOME DO JOGO!!!

Por: Dr. Júlio - 07/05/2018 - 17:58
 Dedé comemora o gol que daria a primeira vitória do Cruzeiro no Brasileiro 2018
O jogo parecia com cara de zero a zero com o Botafogo retrancado e o Cruzeiro preguiçoso. Até que Dedé apareceu mais uma vez na área como “elemento surpresa” e dessa vez acertou a rede pelo lado de dentro. Um prêmio a este ótimo zagueiro que comeu “o pão que o diabo amassou” durante quase dois anos com contusões e recuperações. A tenacidade do Dedé não é muito comum entre jogadores de futebol. Muitos preferem encerrar a carreira e ele mostrou que vale a pena acreditar nos sacrifícios para uma recuperação dessas. Vem jogando muito, quase o mesmo dos tempos de auge no Vasco. E voltando a marcar gols.
Vitória que mantém o embalo das últimas goleadas pela Libertadores e agora melhorando o astral no Brasileiro.

AMÉRICA SE INTIMIDA NO RIO E O GALO TROPEÇA!!!

Por: Dr. Julio - 07/05/2018 - 17:53
Atlético e América tiveram a oportunidade de dormir na liderança do Brasileiro, mas esbarraram em suas próprias fragilidades. Depois de fazer 1 a 0 o Coelho parecia não acreditar que estava vencendo o Vasco em São Januário e tomou uma virada no segundo tempo, com direito a goleada. O time carioca venceu na raça, principalmente dos seus jogadores promovidos da base.
No Morumbi o Atlético repetiu o enredo do empate com a Chapecoense, de jogar melhor e não ganhar a partida. Com as velhas falhas de jogadores que se revezam nos erros individuais: Patric perde a bola o adversário se aproveita e faz o gol, aproveitando da zaga (comandada por Leonardo Silva) parar, esperando que o árbitro apitasse impedimento. Na final do Mineiro, contra o Cruzeiro, foi Fábio Santos que perdeu a bola no primeiro gol cruzeirense. Contra o Vasco, pelo Brasileiro, foi o ridículo passe de calcanhar do Roger Guedes.

ÉDER, AOS 61 ANOS!!!

Por: Dr. Júlio - 07/05/2018 - 17:44
Uma das melhores aquisições do Atlético sob o comando de Sérgio Sette Câmara foi o Éder. Um dos chutes de maior potência da história do futebol, foi também um dos maiores batedores de  falta. De longe ou de perto, forte ou colocado, era o terror dos goleiros e de quem formava as barreiras. Só Nelinho era comparável. Auxiliar do Thiago Larghi, ele, depois que parou de jogar, demorou muito a retornar ao que mais gosta de fazer na vida, que é o futebol. Foi um dos melhores jogadores que vi jogar. Um dos melhores do mundo no fim dos anos 1970 meados dos 1980. Ponta esquerda original no começo da carreira no América, transformado em “falso ponta” por Telê Santana, no Grêmio e consagrado dessa forma na seleção brasileira que encantou o planeta na Copa da Espanha em 1982. Quando dirigiu o Barcelona, o holandês Johan Cruijff disse que se inspirou muito nos sistemas táticos adotados por Telê. A função desempenhada por Éder como “ponta moderno” era uma dessas novas formas de jogar.
Tive a honra de acompanhar tudo isso de perto. E apesar de todo o prestígio mundial que tinha, Éder sempre se manteve a mesma pessoa: simples, porém, introspectivo no trato com as pessoas estranhas e avesso a árbitros de futebol. Era explosivo em campo, mas uma figura humana exemplar fora dele. No fim da carreira se tornou conselheiro dos mais jovens. Poderia ter iniciado logo a carreira de treinador mas preferiu seguir outros caminhos.
Está de volta ao mundo da bola e com a sua experiência tem ajudado o Atlético a aproveitar melhor as suas potencialidades. Roger Guedes,  por exemplo. Estava praticamente fora dos planos, mas Éder e o lateral Fábio Santos conversaram muito com ele, com os demais jogadores, comissão técnica, diretoria e o bom atacante parece que está encontrando o seu caminho  para o sucesso. A ótima dupla de repórteres do jornal Hoje em Dia, Henrique André e Frederico Ribeiro, fez uma entrevista com o Éder, que vale demais a leitura. Confira:
* “‘Fui um cara iluminado, mas fiz muita merda’: Éder Aleixo fala da carreira e retorno ao Atlético”
Cidade do Galo, em Vespasiano-MG. Éder Aleixo de Assis se sente em casa, naturalmente. Na terra natal, no Centro de Treinamentos do clube do coração, o ex-ponta virou auxiliar fixo da comissão técnica do Atlético.
Figura histórica do clube, e também do futebol nacional, calçando chuteiras por mais de 20 anos profissionalmente. Famoso pelo temperamento explosivo na época de jogador, hoje só detesta ser chamado de senhor. Mas os cabelos brancos, os 61 anos batendo à porta (completa agora, no dia 25), e os 368 jogos pelo Galo impõem respeito.
Bad boy, galã na década de 1980, pavio curto – acumulou 25 expulsões só no Galo –  e um dos chutes mais atômicos dos gramados brasileiros, o “Bomba” virou “Professor” no Atlético. Conselheiro dos atletas comandados pelo “menino que sabe das coisas” Thiago Larghi, referência para as faltas de Otero, exemplo para o controle mental de Róger Guedes, e cumprindo a intenção inicial de ser amigo do elenco.
“Temos o mesmo objetivo que é o Atlético. Se precisar pegar uma bola ou uma chuteira para um jogador, eu vou. Não tenho frescura”, decreta, nesta entrevista ao Papo em Dia.
A época na qual saía pra porrada em campo – algo que lhe tirou uma Copa do Mundo – ficou para trás. Histórias que poderiam virar facilmente um livro, que ele parece teimar em não levar adiante. Hoje, a missão é ser ajudante no Galo, enquanto fora do batente dedica seu tempo a cuidar da mãe, dona Zilda, perto dos 90 anos.
Ser recrutado para voltar ao Atlético, depois de tantos anos, significa o que pra você? Como tem sido respirar o dia o dia do clube que você fez 368 jogos? Como foi o convite da volta?
O convite foi através do Alexandre Gallo e do presidente (Sette Câmara), que é um amigo de muito tempo. Tudo isso facilitou. Estava acontecendo um projeto e me convidaram. Fiquei super satisfeito por trabalhar com Marques, Valdir, Edgar e outros ex-atletas. O projeto era de rodar todas as categorias, para garimpar a molecada e quando achar um jogador numa condição melhor, trazê-lo para o profissional. Aceitei porque a minha vida sempre foi o Atlético. Foram 10 anos como jogador, depois como auxiliar e gerente de futebol. Agora num recomeço de trabalho da base, fundamental no clube, para sustentar o profissional. Fica em casa fazendo porra nenhuma? Não né?

Você foi contratado pelo Atlético para ser parte de um projeto de excelência técnica da base ao profissional. Agora ocupa o cargo de auxiliar do Thiago Larghi. Que balanço pode fazer deste começo de trabalho no clube?
A própria diretoria, vendo meu trabalho e aparecendo esta vaga, aproveitou que eu já estava aqui. Foi um pulo, e uma surpresa muito agradável, mas não deixei de estar com o pessoal da base. Sempre que posso, passo lá para saber das coisas e observar alguém para trazer para cá (profissional). E agora auxiliando o Thiago, que independente de ser um cara novo, é muito experiente e estudioso. É um menino, mas um menino que sabe das coisas, é bom e o Atlético está bem servido.

No Galo você foi jogador e dirigente. Chegou a ser auxiliar do Procópio. Há pretensões de ser treinador principal?
Deixei bem claro que não quero ser treinador. Quero ajudar o Atlético sendo auxiliar permanente. Não gostaria. Numa emergência não teria problema. Quero estar aqui ajudando o Atlético e dar continuidade na base também. A base é onde dará frutos num grande clube como é o Galo. Temos certeza que vamos revelar grandes jogadores, muito mais do que antes. É claro que não será de uma hora para outra, começamos em dezembro. Esse ano não acredito ainda, mas a partir do ano que vem eu tenho certeza. A dificuldade que temos é que o Atlético, assim como Corinthians e Flamengo, é muito difícil aceitar. É uma cultura diferente da do Santos, por exemplo. A torcida precisa de um pouco mais de carinho e paciência com os meninos. Peço que nos apoiem. O menino precisa sempre ser aplaudido e ajudado.

Como auxiliar, você tem contato diário com os jogadores. E virou uma espécie de conselheiro para eles, por tudo que já viveu no futebol?
Eu sou um cara bem simples e comigo não tem frescura. No dia da minha apresentação no profissional, eu fui bem claro com eles. Disse que estou aqui como amigo deles. Temos o mesmo objetivo que é o Atlético. Se precisar pegar uma bola ou uma chuteira para um jogador, eu vou. Não tenho frescura. Por isso fui tão bem aceito e tenho grande carinho por eles. Às vezes tem jogador que não está jogando, então temos que motivá-lo todos os dias. Fui um cara iluminado, abençoado, mas fiz muita merda. Deixei de ir numa Copa do Mundo por uma expulsão. Eu falo da minha vida para eles. Eles brincam comigo. Eles me chamam para bater bola e ainda falam “professor”, mas não é “professor”, nem “Seu Éder”, é só Éder. É o clube do meu coração e, por isso, me revigorou. Estou fazendo academia, já fazia, até pela minha saúde, agora também para jogar bola com eles.

Roger Guedes emplacou três jogos consecutivos e marcou três gols. Muito se fala de uma conversa que você teve com ele. Realmente aconteceu? Quais foram os conselhos?
Ele me chamou lá na Argentina (treino antes do jogo contra o San Lorenzo) e me falou que estava chateado. Falei para ele que é um menino; que tem um filhinho, uma mulher e a família. Deixei claro que estou aqui para tudo o que precisar, que é também para ficar mais calmo. E está aí, fez três gols em três jogos.

Surgiu um papo no qual ele seria devolvido ao Palmeiras…
Sempre falei nas reuniões (com a diretoria e comissão técnica) que é um cara que precisamos muito. Ele tem força, habilidade, é jovem… Tínhamos que esgotar todas as possibilidades. Que precisaríamos do Róger. Eu conversaria com ele. Na Argentina ele foi até mim e disse: “Éder, não estou feliz”. Disse para ele ter calma, iríamos conversar com o pessoal. O Fábio (Santos) também o ajudou muito. Meu trabalho é esse no dia a dia. Minha carreira foi muito boa para mim, e agora é legal ficar conversando com essa molecada, dar alguns conselhos para ele. Acho que a minha experiência vem sendo fundamental.

Você sempre foi reconhecido pela potência na perna esquerda. Como tem visto de perto o desempenho do Otero, tão pequenino, mas com um chute tão forte? Podemos compará-lo com Marcelinho Carioca, por exemplo?
O estilo do Marcelinho Carioca era diferente do meu. Não posso falar pelo Nelinho. Mas acho que o Otero se assemelha mais com o Marcelinho. Até pelo pé, a batida da bola. Mas não foge muito. Eu aqui com o Otero, venho falado com ele, até porque ele não tem lado bom, ele bate dos dois lados. O meu lado era com a perna esquerda no canto direito. Até na Copa do Mundo eu batia para o gol. Falei com ele, até no último sábado, para ir treinando até sem goleiro. Vai batendo, batendo. Vai errar? Vai. Uma hora o Ricardo cabeceia, bate num zagueiro… É treinamento. Eu treinava demais, era o primeiro a chegar e o último a sair.

Você percebe que eles conhecem a sua história? Se interessam e perguntam?
Eles conhecem sim. Fico só observando, ouvindo eles falarem: “Vi um gol seu hoje, assim…” . Claro que vão procurar saber, até pelas conversas que temos. Eles falam: “É, professor. Vi um gol seu”. Mas aí me enchem o saco quando pego uma bola ruim aqui – “É a idade, não aguenta mais…” . O Guedes mesmo é um vagabundo (risos). “É a idade né?”. São 61 anos agora em 25 de maio. Mas o ambiente é muito bom e isso ajuda. Tivemos dois, três jogos que não ganhou. Tivemos o problema da torcida lá (no aeroporto, após o jogo de volta contra o Ferroviário). É normal, a torcida cobrar. Depois ganhamos do Vitória e Corinthians, quando jogou para caralho.

É a favor da permanência do Larghi?
O Atlético deu sorte. É um cara sensacional, que trabalha muito e que tem sido muito respeitado. Independente de ser interino ou efetivado, tem trabalhado pra caramba e está bem. Aqui não é só o Thiago. Tem muitas pessoas envolvidas e isso ajuda. Ele está começando agora, lógico que tem coisas que assustam, mas está bem amparado. É muito bacana falar dele. A própria reação dos jogadores com ele. A diretoria toda está vendo o trabalho dele e não tem que pensar em outra coisa; que continue assim. Tenho certeza que ele vai até o final do ano.

O Atlético está numa política de conter gastos. É possível vislumbrar títulos em 2018?
Olha, rapaz. Nós estamos começando. Mas é um ano que eu vejo… Hoje mesmo, por um acaso que não vou falar o que foi, me veio aqui desse Campeonato Brasileiro para o Atlético este ano. Não sou místico, nada dessas coisas. Mas foi algo que aconteceu comigo, que liguei uma coisa com a outra… e conclui: “É, pode ser”. Ambiente bom, treinador bom, turma boa, vontade e dedicação. A diretoria trabalhando, presidente tentando melhorar cada vez mais. O pensamento é esse, com humildade e respeito. Se tudo na vida, com respeito, as coisas melhoram”.

Você foi um símbolo na década de 1980. Naquela época havia o rótulo de “bad boy”? Você mesmo diz que fez muita merda…
Eu gosto de viver a minha vida. Até hoje não sou de encher a cara. Tomo minha cerveja e hoje sou mais de tomar vinho. Eu era menino, badalado, jogador de Atlético, Seleção, com a mulherada em cima. Quem é que não vai? Aproveitei a minha vida, cara. Hoje o futebol mudou e se profissionalizou muito. O cara não pode perder uma noite de sono, hoje. O trabalho é até menos do que na minha época, mas uma intensidade maior. Você vê a correria que é dentro de campo. Aproveitei a minha vida, e graças a Deus a levo de forma tranquila hoje.

Graças a Deus não havia rede social naquela época?
Se hoje você vai num restaurante, com dois segundos você já está para milhões de pessoas. Na minha época não tinha isso. Jogador tem que ter mais cuidado. O futebol mudou muito de um tempo para cá. Se o jogador não se cuidar, não vai jogar. Vai ser lesão atrás de lesão. Eu achava que departamento de fisiologia era frescura, hoje vejo que não é. É coisa séria e tem que acompanhar a evolução do esporte.

Dos seus erros, o de 1986 foi o pior, com o soco no peruano Castro?
Foi. Porque eu deixei de ir numa Copa do Mundo. Era titular da Seleção e deixei de disputar a Copa no México. Já havia acontecido o mesmo caso com o Leandro e o Renato Gaúcho, que não preciso nem contar, e nos avisaram que qualquer outra indisciplina seria motivo de corte. E o babaca aqui não ouvi. Quem me expulsou foi o Arnaldo Cézar Coelho. Já sentamos, conversamos.. Já mandei ele tomar no c… Mas fazer o que? O errado fui eu. Ele não teve culpa. O cara primeiro… não me lembro mais… Mas cuspiu na minha cara. Aí eu: “Puta que pariu”… Era jogo amistoso! Dia 1º de abril (1986), lá em São Luis-MA. E depois o filho da puta veio e passou a mão na minha bunda. Sentei a mão na cara dele. Aí o Arnaldo me expulsou. Fudeu. Só liguei para a minha mãe e falei que seria cortado. Só pensei na minha mãe. Quis prepará-la, ouvindo da minha boca. Teve outras merdas dentro de campo. Fui expulso duzentas mil vezes na carreira, mas nunca fui de esperar passar o lance para depois pegar o cara, não era maldoso. A minha reação era imediata, eu brigava, e brigava também porque tinha mais outros 10 para me ajudar.

E era uma época sem tantas câmeras, havia mais “abertura” para agressões em campo. 
Não tinha nada. O jogo estava rolando num pedaço de campo, e do outro lado o jogador tava dando porrada no adversário. Hoje, se você cuspir no gramado aqui, todo mundo vê. Tem até que conversar com a mão na boca. Aí é foda…

Tem uma história no Grêmio que você chegou a se apresentar com o braço enfaixado, pois havia sido vítima de disparos de tiros… É verdade?
Eu levei um tiro. Estava de férias aqui, então estavam assaltando na Savassi… Eu estava com o Marcelo, o Marcelo Oliveira. Tínhamos voltado da praia e ele até iria dormir na minha casa. Fomos num barzinho na rua Paraíba. Já estava indo embora, eu estava no meu carro, ele no dele. Ouvi pedido de socorro dele, que estavam assaltando. Eu fui para cima dos caras e me deram dois tiros, pá! E correram… Quando eu fui levantar o Marcelo, senti o sangue. Tenho essas duas marcas no braço. Fui para o hospital, lúcido, me mostraram as duas marcas e fiz a cirurgia. Eu tinha 21 anos, foi em 1978, havia ficado na lista dos 40 jogadores do Cláudio Coutinho (para a Copa da Argentina), eu e Falcão. Jogava no Grêmio. O Telê chegou no hospital, era o meu técnico. Eu fiquei na enfermaria, ao lado de outras vítimas de um acidente num viaduto. Ele chegou querendo me tirar, me levar para um apartamento. Perguntou o que aconteceu, eu expliquei que estava de férias. Com o Marcelo, foram só três pontinhos na cabeça.