quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

PRESIDENTE INTERINO DO CRUZEIRO

Por: Dr. Julio - 08/01/2020 - 12:12
Presidente interino José Dalai Rocha, em foto do Vinnicius Silva/Cruzeiro
Na música “Revanche”, Lobão questiona: “… mas se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso?” E repete duas vezes: “quem é que vai pagar por isso?”.
Já passou da hora de mudanças na legislação brasileira que rege as associações esportivas. É inacreditável que os responsáveis por arruinar as contas do clube simplesmente saiam, retornem às suas vidas normais e a instituição fique na pior desse jeito!
E o pior é que todos os clubes brasileiros já passaram ou passam por situações semelhantes e não me lembro de algum cartola ter sido incriminado e penalizado.
O presidente interino do Cruzeiro, José Dalai Rocha, tem tratado os assuntos do clube com toda a transparência, sem rodeios. Na última coletiva revelou o constrangimento de não ter o que falar com jogadores e funcionários em relação aos salários atrasados, a não ser pedir mais paciência: “Reunimos com os atletas, mas não apresentamos solução. Pedimos compreensão a quem não pode mais esperar. Mas estamos pedindo. É o único caminho. O Cruzeiro, hoje, é uma terra arrasada, infelizmente”.
Ele responsabiliza o ex-presidente Wagner Pires de Sá, que por sua vez responsabiliza o antecessor Gilvan de Pinho Tavares, que por sua vez responsabiliza Zezé Perrella e por aí vai.
A administração passada agiu como se estivéssemos em uma filial da casa da moeda. As dívidas são astronômicas”, disse o Dr. Dalai Rocha.
Eu pedi compreensão. Não podemos dar prazo. Na certeza que, os que quiserem sair, não terão obstáculos desnecessários do clube, eles têm direito de seguir seus caminhos. Os que quiserem ficar, ombreando conosco, serão recompensados. Gostaria de dizer um prazo, mas, infelizmente, não temos. Nossa esperança é a participação do torcedor”.
O clube deve salários de outubro, novembro e dezembro, além do 13º, sem falar em Fundo de Garantia, férias, etecetera, etecetera…
Sobre as demissões feitas nos últimos dias ele explicou: “Não é só pelo fato de alguém ter trabalhado na antiga diretoria que seria excluído. Mas está sendo feita uma auferição com base em salários. Uma das características da administração passada é uma prodigalidade na qual não encontramos razão de subir salários. A pessoa ganha 5 mil reais, é um bom funcionário, aí passa para 15 mil. O Conselho Gestor se assusta a todo momento quando vê a progressão salarial. Eles são empresários, homens com 10, 15, 20 mil funcionários. Esses homens, quando têm funcionários que ganham 3 mil reais, que desempenham muito bem o seu papel, aumentam para 3.500. E no outro ano aumenta para 4. O funcionário fica satisfeitíssimo. No Cruzeiro, o salto é de canguru. De 3 para 12, de 12 para 30, de 30 para 60 (mil). Assim aereamente. É isso que estamos suportando agora. Um absurdo.
Funcionários que trabalharam na gestão passada, com bom desempenho e com salário compatível, estão sendo mantidos. Outros, infelizmente corta o coração, pessoas amigas, boas, mas o Cruzeiro não está suportando essa carga.
Isso estava sendo mostrado desde maio do ano passado. O departamento médico do Cruzeiro – comparado a Flamengo, Santos, Internacional, Grêmio e Corinthians – gasta três ou quatro vezes mais que esses times. Um fisioterapeuta no Santos ganha 6 ou 7 mil. Aqui ia para 15, 20 ou 30”.
Ele fez comparações também em relação aos gastos com as categorias de base: “O Cruzeiro gastou R$ 51 milhões com divisões de base e teve lucro de R$ 2 milhões. O Santos gastou R$ 25 milhões e teve lucro de R$ 180 milhões”.

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