sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

RIO 2016

Por: Dr. Julio - 16-Dezembro -2016 - 13:30
PAEZ
 Eduardo Paes e o ex-governador carioca Sérgio Cabral.
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Os gastos desnecessários com a Copa do Mundo elitizaram o público do futebol nos estádios e irrigaram os bolsos de corruptos de Norte a Sul, Leste a Oeste do país e a verdade está aparecendo nas investigações do Ministério Público e Polícia Federal nestes dois anos pós-evento. A Olimpíada do Rio foi vendida como organização “perfeita”, com contenção de gastos, obras sustentáveis, modelo de gestão e etecetera e tal. Nem parecia “coisa de Brasil”. Agora, quatro meses depois, o governador que tanto trabalhou para a cidade se tornar sede dos Jogos, está na cadeia, e o prefeito condenado a devolver dinheiro aos cofres públicos, logo no início das investigações. Eles juravam que o “legado” esportivo para a população do Rio e do país compensaria os altos investimentos e todo mundo engoliu.
Um dos mantras mais repetidos por Eduardo Paes era o de que a Rio-2016 não deixaria “elefantes brancos” para a cidade. Menos de três meses após o fim do evento, tal promessa já se mostra furada.
Alguns equipamentos eram claramente insustentáveis desde a concepção. Caso do campo de golfe, construído por US$ 19 milhões em uma área de reserva natural. O local é público, mas, como ninguém pratica o esporte no Brasil, é inútil. Sua manutenção gira em torno de US$ 82 mil mensais.
Mesmo instalações para as quais havia algum simulacro de planejamento já começam a tomar a forma de paquidermes de concreto e metal. É o caso do Parque Olímpico da Barra. Ali, segundo Paes, a “criatividade” seria garantia de aproveitamento: parte dos estádios seria administrada por meio de uma parceria público-privada e outra parte seria desmontada e “transformada em escolas e ginásios em áreas mais pobres”.
Não é o que está se desenhando. A licitação para escolher a empresa que cuidará do local deveria ter acontecido em agosto, mas foi sucessivamente adiada. Uma única empreiteira se interessou, mas não cumpriu as regras do edital. Com isso, a prefeitura teve de contratar emergencialmente (ou seja, sem licitação) um gestor para o espaço por até três meses, ao custo de R$ 4 milhões.
Ainda que ocorra até o fim do ano, a licitação já tem oposição declarada do próximo prefeito, Marcelo Crivella, que se espantou com a conta que herdará: R$ 166,5 milhões a serem pagos pelo município por obras de adaptação ao longo de três anos. A partir deste prazo, a prefeitura arca com parte das despesas de duas das arenas, gastando até R$ 382,7 milhões.
Não dá para dizer que esse cenário é surpreendente. Mas os elefantes olímpicos cariocas cresceram muito mais rapidamente do que se podia supor.

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