terça-feira, 20 de dezembro de 2016

ROBERTO CARLOS E CABRAL EM MUITAS EMOÇÕES

Por: Dr. Julio - 20 de Dezembro de 2016 - 13:5007:18
RCARLOS
Um tempo no futebol para a sugestão de leitura de dois ótimos artigos. De um veterano das letras, o genial Ruy Castro, e um emergente, o não menos genial Bernardo Mello Franco. Informações e comentários surpreendentes sobre figuras públicas da história contemporânea do Brasil, que mostram o caráter nacional.
Uma das figuras é brilhante no que faz, um “Rei”, mas que assim como todo ser humano, comete seus deslizes. O outro começou de forma brilhante e subiu no tamburete da ética como plataforma para ganhar o apoio popular. Mas, depois se mostrou um engodo, um farsante. Ambos os textos na Folha de S. Paulo, respectivamente em novembro e outubro deste ano. Vale a pena:
* “Muitas emoções”
Ruy Castro
Uma notícia circulou há dias sem o destaque merecido. Tratava da vitória nos tribunais do empresário Roberto Carlos Vieira, de Vila Velha (ES), contra o cantor Roberto Carlos, que tentou — e conseguiu, por mais de um ano — impedi-lo de manter uma corretora imobiliária com seu nome na cidade e o levou à falência. Roberto Carlos, o cantor, também tem uma imobiliária, chamada Emoções, e a marca “Roberto Carlos” está registrada para inúmeros fins, inclusive neste ramo. Donde, para o cantor Roberto Carlos, nenhum outro Roberto Carlos pode vender quase nada no Brasil com esse nome.
Infelizmente para Roberto Carlos, o país está cheio de Robertos Carlos. Muitos, por sua causa. Não é o caso de Roberto Carlos Vieira, que tem 55 anos e, quando nasceu, em 1961, o cantor era um anônimo que rondava as boates cariocas pedindo emprego. As mães ainda não batizavam filhos com seu nome. E Roberto Carlos Vieira foi chamado assim porque seu pai, Antonio Carlos, deu parte de seu nome a todos os filhos – Renato Carlos, Ronaldo Carlos, Roberto Carlos – e até à sua filha, Roseana Carla.
O processo movido por Roberto Carlos cantor obrigou Roberto Carlos corretor a retirar seu nome de sua própria empresa – ou a pagar a multa diária de R$ 1.000 enquanto não fizesse isso. Obrigou-o também a remover as placas espalhadas por Vila Velha, o site na internet e as páginas nas redes sociais. Ao virtualmente desaparecer, o empresário quebrou. Só lhe restou fazer bicos para continuar pagando a faculdade das filhas e o tratamento de câncer de sua mulher.
Agora, a Justiça de São Paulo julgou improcedente o caso e devolveu ao corretor o direito de se chamar Roberto Carlos e vender imóveis ao mesmo tempo. Além disso, condenou o cantor a pagar as custas e os honorários do processo.
São muitas emoções.
* * *
Cabral, o imortal
CABRAL
BRASÍLIA – Dizem que certos políticos têm sete vidas, tamanha a sua capacidade de sobreviver a escândalos. Se for verdade, Sérgio Cabral deve ter 14. O ex-governador do Rio é alvo de acusações de corrupção há quase duas décadas, mas as suspeitas contra ele nunca foram a julgamento.
Em 1998, o Ministério Público abriu a primeira investigação sobre Cabral. Ele era suspeito de enriquecimento ilícito por comprar uma mansão em Mangaratiba, perto de Angra dos Reis. O caso foi arquivado pelo procurador Elio Fischberg, que seria afastado por falsificação de documentos em ação contra outro peemedebista ilustre: Eduardo Cunha.
O escândalo à beira-mar não interrompeu a escalada de Cabral. Ele acumulou poder e se elegeu senador e governador por duas vezes. Chegou a se insinuar à Vice-Presidência da República, mas foi abatido em voo pelas manifestações de 2013.
Um acidente aéreo na Bahia expôs sua intimidade com empresários que prosperaram em terras fluminenses. Um deles, o empreiteiro Fernando Cavendish, presenteou a mulher do peemedebista com um anel avaliado em R$ 800 mil. O valor da joia parece gorjeta diante das cifras atribuídas a ele na Lava Jato.
Cabral já foi acusado de receber propina em várias obras milionárias, como a reforma do Maracanã, o complexo petroquímico, o Arco Metropolitano e a reurbanização de favelas. Ele anda sumido, mas continua a atuar no bastidor. Há poucas semanas, treinava o aliado Pedro Paulo para os debates da eleição municipal.
Encastelado no Leblon, o peemedebista acaba de entrar na mira de outra operação de nome sugestivo: Saqueador. Para o juiz Marcelo da Costa Bretas, as apurações apontam para um “gigantesco esquema de corrupção” no Estado, “com o apadrinhamento” do ex-governador.
Em nota, Cabral disse que “repele com veemência” e manifesta “indignação e repúdio” contra os acusadores. Se sobreviver a mais essa, ele poderá reivindicar o título de imortal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário