terça-feira, 17 de julho de 2018

A NATUREZA FEZ A FINAL DA COPA DO MUNDO

Por: Dr. Júlio - 17/07/2018 - 13:27
A natureza fez a final da Copa do Mundo parecer Campeonato Amador de qualquer cidadezinha do Brasil –  Campo do Antonio Paranhos, por exemplo, ou Campo de Futebol do Operário Esporte Clube, Campo do Batatal ou Campo do Rocha entre outros, todos da Cidade de Tombos . A chuva entrou em campo na hora da premiação, humilhou o cerimonial da Fifa, encharcou presidentes e provocou escorregões. Os jogadores da campeã França se atiraram no gramado, sujando a roupa de terra e adesivado na pele pedaços de papel dourado e fragmentos de grama. Linda festa. A gloriosa aquaplanagem dos galos azuis.
Parecia uma pelada, uma pelada maravilhosa, uma pelada de sonho. Qual menino nunca rolou num campo ensopado, clamando ao céu por mais água ainda? Em Moscou, os atletas franceses fizeram o milagre de devolver a cada homem o campinho de nossa infância, o campinho de nossa meninice, o campinho da Beira da roça da criança que todos fomos, o campinho que jaz no meio do mato, mas que permanece intacto, com seus morrinhos e traves tortas, em nossa memória.
Nem com todo o dinheiro que circula na Europa neste momento, somado à disciplina de marcha do exército norte-coreano, a Fifa conseguiria organizar aquele maravilhoso espetáculo visto no estádio Luzhniki. Aquilo só é possível de graça e espontaneamente. “Chove chuva / Chove sem parar…”
O líquido divino caía nos fios de sol dos cabelos da bonitona presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarović, e cachoeirava pelo pescoço, infiltrando nos por dentro de sua alvirrubra blusa quadriculada, levando para a Rússia a poesia da música de Barreirito, que formou com Creone e Mangabinha o Trio Parada Dura: “No portão da sua casa / Enquanto a gente namorava / a chuva se aproximava / sem a gente perceber. E os pingos que caíam / o seu corpo foi molhando / No corpo a roupa colando / E aos poucos me mostrando / O que eu tanto queria ver”.
Mas a chuva que refresca e fertiliza também sabe ser severa, e cuspiu no poder do homem, o poder falho, o poder efêmero, o poder que não pode. Pingos espancaram a cabeça do presidente Vladimir Putin, ensoparam sua testa, escorreram por seu nariz, salivaram em seu queixo, inundaram sua nuca e desceram pelas costas, para mostrar quem manda no mundo, para deixar claro que a maior lei ali era a da gravidade. Toda água que cai na terra procura um rego para escoar…
Por falar nisso, juízo, Brasil: eleição em outubro. Cuidado com a truculência do militar defensor de torturadores. É melhor já ir se acostumando? Não, é melhor já rir desse tirano. Talvez a pessoa não tenha saudade da ditadura, como anda dizendo por aí, mas de um tempo em que era mais jovem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário