quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O EXEMPLO DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS

Por: Dr. Julio - 29/11/2018 - 15:32
Em duas finais recentes de Libertadores da América em Belo Horizonte a nossa Polícia Militar deu show. Antes, durante e depois dos jogos, torcedores e delegações do argentino Estudiantes e do paraguaio Olímpia tiveram plena segurança e retornaram bem aos seus países. Os marginais infiltrados nas torcidas do Atlético e Cruzeiro bem que tentaram aprontar mas foram repelidos previamente com o rigor que merecem. Em 2009 o Comandante do Policiamento da Capital – CPC -, era o Cel. Nilo que chegou a ser criticado por ter montado uma “operação de guerra”. Parecia que Belo Horizonte estava sob intervenção da PM. Cumpriu com excelência o dever dele e nenhum argentino foi agredido, mesmo tendo saído vitoriosos do Mineirão. Este foi um ótimo exemplo de competência em um grande evento explosivo.
O mundo globalizado torna países e costumes cada vez mais parecidos, mas os bons exemplos não têm a mesma força dos maus. Com a velocidade crescente da informação pelos mais diversos meios, toda ocorrência chega aos olhos e ouvidos de gente em todo o planeta instantaneamente. Com isso proliferam aqueles que sentam no rabo pra falar dos outros e complexados vira-latas, como definiria Nelson Rodrigues.
Nessa selvageria da torcida do River Plate essas turmas deitaram e rolaram, mas tiveram bons contra-ataques que mostraram o quanto se equivocam.
O argentino Mariano postou no twitter vídeo de selvageria semelhante da torcida do Manchester United “recebendo” o ônibus do City e escreveu:
@marianoG/ottiga: “Para los moralistas que se preocupan por como nos ven en el mundo, vean lo que pasa en una sociedad “civilizada” cuando haces pasar un micro del equipo rival entre medio de la hinchada local que esta por entrar al estadio La diferencia es que el este micro no tiene vidrios”.
É verdade! O problema em Buenos Aires foi a incompetência da cúpula da segurança. Onde estavam os policiais que deveriam garantir a chegada do Boca em segurança ao Monumental? Uma única rua de acesso, sem batedores de verdade e sem polícia ostensiva antes de um jogo explosivo.
Ainda mais na Argentina, onde este clássico já teve 71 mortos, em 1968, num dos portões de acesso do mesmo estádio Monumental. Veja essa reportagem do portal Terra, de sábado, antes da final prevista:
* “Porta 12: o local do Monumental que remete a um drama de Boca e River”
Um clássico realizado em 1968 resultou na morte de 71 torcedores xeneizes no palco da grande decisão da Libertadores deste ano. Episódio ainda levanta muitas dúvidas
Sthefany Afonso
Argentina conta milhares de mortes induzidas por corrupção, negligência ou imprudência pública e privada. Não obstante, o dia 23 de junho de 1968 marcou a data mais negra do futebol nacional. Justamente no dia do clássico de maior rivalidade do país: River Plate x Boca Juniors.
Se disputava o Torneio Metropolitano, um campeonato dividido em dois grupos de onze equipes. River e Boca protagonizaram um empate sem gols no Monumental, palco do decisivo jogo deste sábado, pela Libertadores. A porta 12, correspondente do setor visitante, havia sido fechada após o apito final. Torcedores xeneizes estavam aglomerados e um caos começou. Resultado da tragédia: 71 pessoas morreram esmagadas e sufocadas, enquanto tentavam deixar o estádio.
Após o episódio, o acesso não é mais identificado pelo número 12, e sim pela letra L, por ser a décima segunda letra do alfabeto. Além da mudança, o River Plate decidiu dar o nome de “Centenário” ao setor visitante.
Cinquenta anos depois, River e Boca se encontram novamente em uma decisão. Apesar de toda magia criada em torno da partida que marcará o século, as verdadeiras causas da barbárie de 68 ainda são desconhecidas e deixam grande marcas.
Na época, hipóteses começaram a surgir por meio da mídia: portas fechadas ou semi fechadas, catracas que não haviam sido removidas, ou a irresponsabilidade funcionários. No entanto, nada se falava sobre a polícia. Eram tempos da ditadura de Juan Carlos Onganía, repressões nas ruas, tribunais e universidades.
Nem mesmo a passagem de cinco décadas trouxe justiça às vítimas ou às suas famílias. O caso que o juiz Oscar Hermelo instruiu foi arquivado. Em um artigo publicado pela Agência de Notícias de Buenos Aires, Victor Ego Ducrot, testemunha do incidente, contou sua versão:
– Saímos mais cedo, justamente pelo portão 12. Havíamos caminhado alguns metros quando ouvimos a polícia gritar e passar com a cavalaria, dando golpes e bloqueando a saída do Monumental. Eles assassinaram mais de 70 pessoas, fomos salvos por alguns minutos – contou.
Além de Victor, uma segunda testemunha alegou que duas famílias chegaram a um acordo econômico com o River Plate. Mais tarde, Carmen Palumbo, que defendia os familiares das vítimas, afirmou que trinta e quatro famílias foram secretamente compensadas pelo clube, pela AFA, e pelo Estado.
A tragédia de Hillsborough, que matou 96 torcedores do Liverpool em 1989, ainda respira na Inglaterra. A Justiça concluiu como “homicídio involuntário” e o processo foi aberto ao público. Ao contrário da Argentina, que nunca obteve um decreto final, nem mesmo um culpado. A Federação Inglesa, 25 anos após o fato, colocou camisetas do Liverpool nas arquibancadas da semifinal disputada entre Arsenal e Wigan.
Em Buenos Aires, faltando apenas cinco dias para a final da Libertadores, a dor de 68 ainda é vivida. Relatos de familiares contam que os clubes apagaram o acontecimento da história e nada fizeram em homenagem às vítimas da fatalidade. O que para alguns representará uma final inesquecível, para outros, será mais uma data de grande silêncio.

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