sexta-feira, 26 de julho de 2019

MEU AMIGO RHAYNER

Por: Dr. Julio - 26 de Julho de 2019 - 13:27
Rhayner, 25 anos, atrai os holofotes por ser um dos principais jogadores do Vitória na Série B. No entanto, fora dos campos, ele teve que batalhar contra o alcoolismo e o uso de drogas ilícitas antes de chegar ao que considera o melhor momento da sua carreira.
Nada foi fácil para o capixaba, de Serra. Logo aos dois meses de vida, o destino lhe mostrou que seria um marcador implacável. Portador de uma bronquite asmática, por pouco não morreu após uma crise. "Parei de respirar, meu coração parou e eu fiquei três horas 'morto', no colo da minha mãe". Mesmo com a descrença dos médicos, conta que a fé de dona Maria Nilza, sua mãe, o salvou do pior.
Embora frágil, Rhayner sempre se destacava nos babas. Durante toda a infância, nutriu o sonho de ser jogador de futebol para comprar o sítio desejado pela mãe. "Comprei no ano passado", revela o atleta.
O pai, Márcio Antônio, era alcóolatra e violento em casa. Após se separar do marido, dona Maria Nilza conheceu um novo homem, com quem passou a conviver com os dois filhos. Américo é o nome do "anjo", como o próprio jogador define o padrasto. Foi ele quem colocou Rhayner na primeira escolinha de futebol.
Aos 16 anos, veio o primeiro contato com a maconha, após jogar o Campeonato Mineiro Sub-17 pelo Venda Nova e pegar um ano de suspensão por chutar o adversário. Tentou a sorte no Vasco e acabou dispensado. Voltou para Serra e continuou usando a droga. Chegou a traficar e vender coisas de casa para sustentar o vício e as baladas.
Em 2008, com o primeiro contrato profissional assinado com o Barueri-SP, resolveu parar de fumar a erva por medo do exame antidoping. Após idas e vindas, Rhayner teve os direitos econômicos adquiridos, em 2010, por Eduardo Uram, um dos empresários de jogadores mais influentes do Brasil. Foi emprestado ao Figueirense, no ano seguinte, para disputar a Série A. Com um bom começo, veio a recaída. "Eu perdi o foco em Deus e me entreguei à vida mundana, fumando, bebendo e me perdendo cada dia mais", relata no blog.
Em 2012, após rápida passagem pelo Linense-SP e Tombense-MG, Rhayner chegou ao Náutico. Se destacou e foi para o Fluminense, em 2013. Pronto: o primeiro clube de expressão estava no currículo. "Com a minha ascensão, começaram a surgir as tentações: baladas, mulheres, drogas… Eu vivia nas favelas me drogando. Vivia bêbado e fumava quase uma carteira de cigarro por dia", lembra. Ele também confessa que experimentou cocaína.
Tatuagem e briga com Rodrigo Pastana
Depois de deixar o Fluminense, Rhayner assinou contrato de um ano com o Bahia. Logo no anúncio de sua contratação, vários sites divulgaram que ele fazia apologia ao crime, pois tinha um revólver tatuado na barriga. "Eu tenho um versículo bíblico acima da arma que fala sobre a esperança, a fé e o amor. No revólver, ao invés de uma bala sai um coração", explica Rhayner.
No entanto, sua passagem pelo tricolor não restringiu-se à apenas essa polêmica. Insatisfeito por ser afastado de um treino e por causa dos salários atrasados, em setembro de 2014, brigou feio com Rodrigo Pastana, então diretor de futebol do Esquadrão. "A gente tinha ideias totalmente contrárias. Com salário atrasado, acabei perdendo a cabeça e, num ato impensado de tentar me defender, tentei agredir ele também. Mas graças a Deus não passou de xingamentos e empurrões. Se eu visse ele hoje, iria pedir desculpas", diz Rhayner diz que, na época, após ser afastado, voltou a usar drogas e pensou em deixar o futebol. Só mudou de ideia por causa da mulher.
Casal vive feliz e quer ficar aqui
Muito feliz ao lado do marido, Mariel conta que teve que "chantagear" Rhayner para que passassem a frequentar a igreja. "A condição para a gente voltar [haviam terminado o namoro] era frequentar a igreja juntos e ele mudar as atitudes e cabeça dele do ano passado. Como ele estava meio desesperado (risos), aceitou sem contestar", diz ela.
Além de frequentar os encontros dos Atletas de Cristo, grupo liderado pelo ex-jogador Edu Lima e que conta com atletas como Fernando Miguel, Diogo Mateus e Diego Renan, o casal vai aos cultos em uma igreja na avenida ACM e outra no bairro de São Caetano, ambas em Salvador. Bastante à vontade na capital baiana, Rhayner não esconde o desejo de renovar o contrato com o Vitória e continuar aqui. "Ainda não rolou nenhuma conversa. Mas por eu estar ambientado, pelo carinho da torcida, pelo tratamento da diretoria e pela minha adaptação, acho que isso pode pesar bastante na hora de decidir um contrato futuro", diz o atacante, que agora joga como volante/meia e já marcou sete gols.

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