segunda-feira, 27 de abril de 2020

AS MAIORES GARFADAS DO FUTEBOL

Por: Dr. Julio - 27/04/2020 - 11:55

   HISTÓRIA DO FUTEBOL - II

Todos que gostamos de futebol temos na memória as maiores “garfadas” que já vimos, principalmente contra o nosso time. O árbitro erra como qualquer ser humano em qualquer atividade, mas assim como tal, há erros de verdade e os premeditados. Muito difícil saber em que situação há desonestidade ou infelicidade na decisão do sujeito, ali na hora. E sempre me vem à memória a frase do Walter Clark, ex-todo poderoso da Globo, que, falando da sua experiência como vice-presidente do Flamengo nos anos 1980, disse no livro autobiográfico “O Campeão de Audiência”: “quem pensa que não se compram mais árbitros de futebol está redondamente enganado”.
Até aqueles jogos decisivos entre Atlético x Flamengo em 1980/1981, eu tinha na cabeça, desde criança, a final do Brasileiro de 1974, Vasco campeão, com a ajuda fundamental do Armando Marques, tido na época como o melhor árbitro do país. Foi uma vergonha o que ele fez com o Cruzeiro, ao anular o gol do Zé Carlos, de cabeça, aproveitando um cruzamento da linha de fundo. Armando Marques nunca deu explicações sobre o lance. Pouco antes de morrer (16 de julho de 2017, aos 84 anos), numa rara entrevista sobre o assunto, disse apenas que estava bem com a consciência dele e que nem se lembrava do lance: “Já apitei mais de mil partidas. Você acha que eu vou lembrar de um jogo em 1974?. Os críticos falam o que eles querem… Eu fico com a minha consciência. Eu não dou bola para eles…Eu não me arrependo de nada. Eu sou kardecista. Nós não temos ciúmes, nem ódio, nem nada disso no coração…”. Neste jogo ele anulou um do gol do Vasco também, motivo de reclamações dos vascaínos até hoje (https://www.supervasco.com/noticias/morre-arbitro-que-anulou-gol-legal-do-vasco-na-final-do-brasileiro-de-1974-205506.html), mas o que fez com o Cruzeiro, no fim da partida, foi um absurdo.
Depois, já repórter, e tendo a honra e o prazer de estar presente, vi de perto, José de Assis Aragão, José Roberto Wright, Romualdo Arpi Filho e Carlos Sérgio Rosa Martins, operarem o Atlético de forma escandalosa. O paulista Aragão e o carioca Wright, de forma acintosa, clara. Já o também paulista Romualdo e o gaúcho Rosa Martins, mais discretos, porém, provocadores de danos igualmente fatais e irreversíveis. Rosa Martins arrebentou com o Galo, como bandeirinha e passa despercebido da memória da imprensa e da torcida atleticana até hoje.
No primeiro jogo da final do Brasileiro de 1980, no Mineirão, diante de 90.028 pagantes, o Galo precisava fazer uma boa diferença no marcador para jogar por um empate no jogo da volta, no Rio. Mas Romualdo Arpi Filho, escalado estrategicamente pela CBF, não deixou a bolar rolar. Aliás, uma característica dele, de apitar tudo, mesmo que fosse uma falta aparente, parando o jogo a todo instante, beneficiando sempre quem precisava empatar ou perder de pouco. Era chamado pela imprensa de juiz “coluna do meio”, o “Rei dos empates”. O jogo ficou só no 1 a 0, e o Flamengo só se defendendo, No Maracanã, com 154.355 pagantes. José de Assis Aragão, dentre outros absurdos, expulsou Reinaldo, que havia marcado dois gols na partida e jogava machucado. Eram 23 minutos do segundo tempo, 2 a 2 no placar, o Galo no ataque, com chances de fazer o terceiro gol, e Rosa Martins marca de forma inacreditável um impedimento inexistente do Rei, prontamente apitado por Aragão. Aos 37, Nunes fez 3 a 2 para o Flamengo, que conquistava ali o seu primeiro título nacional.
Interessante é que consultando a ficha de jogos no Google, só aparece o nome do apitador, na maioria das partidas mais antigas. Só consegui lembrar que o co-autor dessa aprontação foi o Carlos Sérgio Rosa Martins, graças a um vídeo que me foi enviado pelo jornalista Eduardo Ávila, da transmissão da Band deste jogo, com narração do Fernando Solera.
Romualdo Arpi Filho (esq.) e Carlos Sérgio Rosa Martins em um Peru x Argentina, pelas eliminatórias da Copa de 1982. Rosa Martins entrou para a história como um dos maiores árbitros do Rio Grande do Sul, recordista no apito do Gre-Nal, 27 clássicos. Está com 81 anos de idade, mora em Porto Alegre, onde é corretor de imóveis.
Em janeiro de 2012, Carlos Sérgio Rosa Martins ao lado de Milton Neves, no Mercado Municipal de Porto Alegre, em foto do Marcos Júnior, publicada pelo Milton no portal Terceiro Tempo,
Em dezembro de 2012 postei aqui no blog esta foto, que valeu Prêmio Esso ao autor, José Santos (O Globo), do Armando Marques sendo chutado pelo então diretor de futebol do Botafogo, o ex-lateral Nilton Santos, depois de um jogo contra o Atlético no Maraca

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