sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

SOBRE TARDELLI E OUTROS JOGADORES

Dr. Julio - 15 de Fevereiro de 2019 - 14:44
Antes de qualquer coisa entendo que Diego Tardelli tem o direito de escolher onde quer jogar e o dever de pensar no futuro dele, da família, firmando os melhores contratos possíveis, enquanto tiver futebol para isso.
O que nunca gostei é da postura de qualquer jogador de fazer média com a torcida, usando-a para pressionar a diretoria a entrar em leilões para contratá-lo. Até hoje Toninho Cerezo enfrenta consequências de ter jurado amor eterno ao Atlético, que jogaria de graça pelo clube, onde encerraria a carreira. Acertou seu retorno num dia e no outro se apresentou na Toca da Raposa. E sofre demais por este episódio. Se nunca tivesse falado o que falou não teria passado pelo que passou e passa.
Atleticanos que se iludiram com uma possível volta do Tardelli até estes dias, não leram ou não acreditaram no vice-presidente Lásaro Cunha, que disse ao Hoje em Dia, em 01/02, com republicação aqui no blog:
… “Então eu posso crer que a vinda do Tardelli também é algo perto da “menor possibilidade”?

… se ele não abaixar, é quase que impossível. Mas houve conversa, lógico. É um ídolo e poderia ser muito útil ao Atlético. Mas não dá pra fazer loucura… se ele resolver efetivamente pretender jogar no Atlético, ele joga. Agora, pra isso ele tem que, de cara, renunciar a essa pretensão salarial de “salário chinês”. O Atlético não vai fazer isso, ele teria de reajustar a uma realidade do clube.

Ainda tem a questão do investidor, que o presidente citou…

Essa história de investidor, não existe essa figura. Na verdade é um patrocinador, ou vai emprestar e cobrar, não tem conversa. O Tardelli tem 33 anos, nenhum investidor vai chegar aqui e investir no Tardelli porque a revenda é quase zero….”

No dia 1o de fevereiro reproduzi duas twittadas do jornalista José Luiz Gontijo, que antecipava o não retorno ao Galo:
Eu Não Acredito que Tardelli venha porque está muito cedo para fazer campanha para deputado e ele ainda tem lenha para queimar antes de entrar para a Coleção de Veteranos do Galo. O Galo aparece no fim da biografia de Tardelli. Não dá para entender esse amor incondicional.”
Tardelli. Todas as vezes que o Galo precisou de Tardelli ele fugiu. Faz média com a torcida do Galo para fazer parte da coleção de Veteranos, pois pretende ser candidato a deputado por Minas. Mas, tenham certeza, enquanto tiver bola não vem!”
Anteontem recebi do atleticano Leonardo Silva de Faria essa reportagem de 2015, da Veja:
* “‘France Football’ elege Diego Tardelli como o maior mercenário do futebol”

Revista relembra passagens do atacante da seleção brasileira por Rússia, Catar e agora China e diz que “ele ama dinheiro e demonstra isso”

Por Da Redação
access_time 7 jul 2015, 10h53
Diego Tardelli é apresentado como reforço do Shandong Luneng, da China (Shandong Luneng/Divulgação)
O atacante Diego Tardelli, que no início do ano trocou o Atlético-MG pelo Shandong Luneng, da China, foi eleito pela revista francesa France Football como o “maior mercenário do futebol mundial desde 2011”. A publicação, uma das mais respeitadas do esporte, afirmou que o camisa 9 da seleção brasileira “ama dinheiro e demonstra isso” e é uma “espécie de melhor pedigree” entre os mercenários – termo ofensivo que representa atletas que priorizam a questão financeira e trocam de clube com frequência.
Eles vão para onde o dinheiro está e não se preocupam com o contexto histórico dos clubes”, é a frase que abre a matéria. A revista relembrou as passagens de Tardelli pelo Anzhi, da Rússia, e pelo Al-Gharafa, do Catar, nos últimos quatro anos, e disse que, apesar do sucesso no Atlético-MG, “decidiu refazer sua mala para descobrir a China”. De forma irônica, a France Football ainda afirma que o currículo do atleta de 30 anos rivaliza com o dos italianos Francesco Totti e Paolo Maldini, que só atuaram por um clube em suas carreiras – Roma e Milan, respectivamente.
Tardelli é seguido na lista pelo camaronês Samuel Eto’o, que foi seu companheiro de ataque no Anzhi em 2011. Nos últimos anos, o ídolo do Barcelona passou por Anzhi, Chelsea, Everton, Sampdoria e fechou contrato recentemente com o Antalyaspor (modesto clube turco que ainda sonha em levar Ronaldinho Gaúcho). Outro destaque da lista é o francês Nicolas Anelka, que chegou a ser anunciado como reforço do Atlético-MG em abril do ano passado, mas jamais apareceu em Minas Gerais. O atleta de 36 anos defende o Mumbay City, da Índia, onde acumula as funções de treinador e jogador.
Os sete maiores mercenários, segundo a France Football:
1 – Diego Tardelli (Shandong Luneng – China)
2 – Samuel Eto’o (Antalyaspor- Turquia)
3 – Demba Ba (Shanghai Shenhua – China)
4 – Moussa Maazou (Changchun Yatai – China)
5 – Alessandro Matri (Milan – Itália)
6 – Nicolas Anelka (Mumbay City- Índia)
7 – Jirès Kembo Ekoko (Al-Jaish – Catar)
  • 1. Euros, dólares e petrodólares
    Nas últimas duas décadas, bilionários das mais variadas origens decidiram investir suas fortunas no esporte mais popular do planeta. Alguns obtiveram excelentes resultados, como o russo do Chelsea, ou os árabes de Manchester City e Paris Saint-Germain. Mas há também um histórico de fracasssos, como o da equipe do Anzhi, do Daguestão (uma região separatista da Rússia), que contratou astros como Roberto Carlos e Samuel Eto’o e uma série de talentosos jogadores sul-americanos, mas a fonte secou em menos de dois anos e foi rebaixado no Campeonato Russo.
    Cada vez mais, jogadores com grande potencial optam pelo retorno financeiro imediato e abrem mão do êxito esportivo (como se os dois não pudessem coexistir). Emirados Árabes, China e Ucrânia, países com ligas fraquíssimas, são os destinos da moda, inclusive de jogadores de seleção brasileira, como Diego Tardelli, o camisa 9 de Dunga: de 2011 para cá, passou por Anzhi, Al-Gharafa e Shandong Luneng, foi campeão da Libertadores com o Atlético-MG, e se tornou ídolo. Tardelli poderia ter construído toda a sua carreira no Brasil ou em equipes de respeito na Europa, mas preferiu apenas ser um jogador mais rico – e, ajudado pelo cenário atual, conseguiu chegar à seleção brasileira mesmo assim.
  • 2. Amadorismo: os familiares e parças em volta
    Alguns atletas se equivocam ao misturar as relações pessoais com as profissionais. Não haveria problema algum em trabalhar com o pai, o irmão ou o amigo de infância, contanto que eles tivessem a formação e a competência necessárias para isso. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, vem desgastando sua imagem a cada ano, entre outros motivos, graças à conduta contestável deseu irmão e empresário, Roberto de Assis, famoso por realizar “leilões” do craque-irmão. Ronaldinho se desligou do Querétaro há pouco tempo e segue em atividade, apesar de levar uma vida cada vez menos condizente com a de um atleta. Outro exemplo, Adriano, que poderia ter sido a referência da seleção brasileiras nas últimas duas Copas do Mundo, se cercou de más influências (e se afastou das boas) e sucumbiu aos problemas pessoais, tornando-se um exemplo melancólico de talento desperdiçado.
  • 3. Compromissos
    Partidas de futebol duram apenas 90 minutos, mas a cartilha do atleta ideal exigiria muitas horas a mais de dedicação e foco na profissão. O problema é que, na condição de celebridades, muitos craques suam a camisa não para marcar gols, mas conseguir arrumar espaços em suas agendas. Entre uma viagem de jatinho e outra, eles são obrigados a conceder entrevistas, gravar comerciais e comparecer a eventos, em momentos em que poderiam estar simplesmente descansando as pernas e a cabeça. Figuras do calibre de Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, que apenas com seus salários poderiam aposentar várias gerações de familiares, não se cansam de acumular patrocinadores e compromissos, ignorando o senso do ridículo. O vaidoso português, por exemplo, é um ícone anticaspa no mundo, enquanto Neymar já se vestiu de vaca para faturar um pouquinho mais. Neymar foi até acusado de levantar a camisa para exibir sua nova linha de cuecas coloridas. O fato é que os craques têm muitos outros objetivos além de superar as defesas adversárias.
  • 4. Redes sociais
    O mundo virtual possibilitou uma nova forma de interação entre os astros de futebol e seus fãs (ou até mesmo seus haters, como são chamados seus detratores), mas também se tornaram uma armadilha perigosa por vários motivos. Num mundo de telas e possibilidades infinitas, as celebridades correm o risco de ter sua intimidade registrada e, consequentemente, violada e exposta nas redes. Cristiano Ronaldo, que se limita a postar mensagens e fotos quase institucionais em suas redes sociais, já foi vítima da indiscrição: em janeiro, um cantor colombiano exibiuimagens da animada festa de 30 anos do craque português, que aparecia cantando e dançando, com bebidas na mão. Tudo aconteceu horas depois de o Real Madrid ser goleado pelo rival Atlético. Cristiano – tantas vezes apontado como exemplo de profissionalismo – foi criticado por torcedores e dirigentes e, coincidentemente ou não, a equipe espanhola afundou em uma crise. Mas há quem se enrole sozinho: muitos atletas, renomados ou não, já entraram em confusões por suas postagens, em bate-boca com torcedores e até vazamentos de conteúdo sexual.
5. A euforia da mídia
Na Argentina, o último talento esportivo será o “novo Maradona” ou o “novo Messi.” No Brasil, será comparado a Pelé ou Neymar, ou a Guga e Senna. Muita desta euforia é causada pela ânsia em revelar novos ídolos, que surgem cada vez mais raramente. Atletas viram heróis e vilões em desumana velocidade. Antes da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, Thiago Silva, um dos melhores zagueiros do planeta, parecia o homem ideal para erguer a sexta taça do Brasil, em casa. Decretado o fiasco do Mundial, Thiago foi execrado por imprensa e torcida, com a imagem de jogador “chorão” e péssimo líder. Essa euforia bipolar muitas vezes atrapalha o momento dos jogadores.
  • 6. O atleta em fatias
    Um jogador de futebol de alto nível normalmente é “fatiado”: ele pode ter seus direitos econômicos divididos entre empresas, clubes, agentes e investidores individuais. O choque de interesses é inevitável e pode ocorrer problemas até mesmo em negócios fadados ao sucesso. Neymar que o diga – o único craque do futebol brasileiro e seu pai terão de responder na Justiça espanhola a acusações de irregularidades na negociação com o Barcelona, em que o pai do jogador teria recebido dinheiro “por fora”. O Santos e um grupo de investidores, que compartilhavam “fatias” de Neymar, reclamam quantias milionárias que deixaram de receber. O dia de fúria de Neymar na Copa América, contra a Colômbia, que culminou com sua expulsão após mão na bola, chute no adversário e uma cabeçada, além de ofensas ao árbitro, foi creditado aos problemas judiciais que ele enfrenta na Espanha.
  • 7. O choque cultural
    Nos anos 90, o ex-atacante Viola disse que não se adaptou ao Valencia, da Espanha, por ter estranhado aspectos da cultura local, sobretudo, a culinária. imagine o quanto é difícil para um atleta, geralmente com pouca experiência internacional, viver em países como China, Rússia, Ucrânia ou Emirados Árabes, só para ficar nos destinos da moda. Além de jogarem em ligas mais fracas, o que naturalmente os prejudicaria profissionalmente, este atletas e suas famílias muitas vezes sofrem para se estabelecer em locais tão distantes e com cultura completamente diferente. Muitos retornam ao Brasil antes do fim do contrato, o que inflaciona o mercado.
8. O resultado acima de tudo
Logo após o massacre alemão no Mineirão, virou consenso entre os fãs da seleção que o futebol brasileiro precisaria passar por uma reformulação completa, baseada em ideias novas, trabalho eficiente nas categorias de base e valorização do talento. O problema é que, as pessoas que efetivamente gerem o futebol no país, ainda não parecem preocupados com isso. A escolha de Dunga como técnico é uma prova disso: após um breve e fracassado trabalho no Inter e vários meses de inatividade, o ex-jogador foi o eleito para dar nova vida à seleção. O que se viu, no entanto, foi o mesmo que fez em sua primeira passagem, entre 2006 e 2010: futebol burocrático, convocações contestadas e culto ao resultado. O Brasil deixou a Copa América sem ter tido nenhuma atuação convincente, mas o presidente da CBF Marco Polo Del Nero já correu para relembrar os bons números de Dunga (apenas uma derrota em 14 jogos) e garantir sua permanência até 2018.

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