terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

LANÇAMENTO DO NOVO UNIFORME DO GALO, CAUSA REVOLTA ENTRE OS ATLETICANOS

Por: Dr. Julio - 16 de Fevereiro de 2016 - 13:00
CAMMODELO
CAMROBINHO
 A nova coleção estará disponível em todas as lojas a partir do dia 17 de março de 2016.
Atlético e Dryworld lançaram, na noite desta segunda-feira, no Ilustríssimo, em Belo Horizonte, a coleção 2016 do Galo. O evento foi apresentado pelo jornalista Chico Pinheiro, da TV Globo.

Nota de repúdio: machismo em evento do Galo

Nós, atleticanas, vimos nos posicionar contra a maneira como o Clube Atlético Mineiro tem se mostrado excludente com as mulheres torcedoras – e consumidoras – de futebol, além de passivo em relação às atitudes machistas dentro e fora do estádio.
Entendemos que esta postura não tem sido condizente com o discurso de “verdadeiro time do povo”, aquele que jamais diminuiu e que, ao contrário, costuma valorizar as diferentes vozes que mantêm o Atlético sendo a grande instituição agregadora que é. Sendo assim, não podemos tolerar ações como o lamentável episódio do lançamento das Camisas da Coleção 2016, em parceria com a DryWorld, em que modelos femininas foram expostas de maneira objetificada, vestindo trajes de banho e lingeries, de maneira apelativa, em um evento de finalidade esportiva. Não podemos aceitar que a imagem feminina seja tratada como peça de enfeite de estádio, encomendadas para agradar o público masculino - que, há muito, deixou de ser único protagonista no universo do futebol.
Não vivemos em um mundo justo. Enquanto homens podem sacar suas camisetas à vontade e rodopiá-las no ar, nós muitas vezes precisamos evitar ir ao estádio com o corpo mais exposto. Sabemos que, se o fizermos, corremos riscos de sofrer agressões morais e físicas, consequências do violento mundo machista que instituições como o Clube Atlético Mineiro, com seu aval e passividade em casos como o do lançamento de seus uniformes, acaba por ajudar a propagar. É por isso que lamentamos profundamente a forma como as modelos, mulheres como nós, e crianças, foram desnecessariamente expostas em uma ação que teve caráter sexual, ainda que com o triste consentimento das mesmas. O fato é que ali elas representavam todas nós.
Além disso, como consumidoras, passamos por situações que não são comuns a homens: a Loja do Galo nunca está suficientemente preparada para nos atender. Não há estoque e não há variedade de produtos. As mulheres, como consumidoras, sentem-se muitas vezes ignoradas pela diretoria do Atlético que, ironicamente, tem uma mulher em um dos cargos mais importantes da diretoria.
E não há motivos, muito menos econômicos. Tais como fiéis de uma igreja, pagamos o dízimo - fazemos parte do programa de sócio-torcedor, consumimos produtos licenciados, pagamos o pay per view e frequentamos os estádios sem necessariamente, pasmem!, estar acompanhadas de homens. Reiteramos que não existem razões para recebermos do clube qualquer tipo de tratamento diferenciado, ofensivo ou constrangedor por sermos o que somos: mulheres.
Por fim, vimos declarar que não passaremos mais por constrangimentos como este de forma silenciosa. Não somos poucas, vamos juntas, e exigimos que haja mais respeito por parte do Clube, da mesma forma que nos dedicamos a fazer parte dele e nos consideramos representantes do Atlético em nossos círculos sociais.
Esperamos da instituição o reconhecimento do erro, um pedido de desculpas e um compromisso de que ações como a de hoje não serão repetidas. Sugerimos a inclusão de mais mulheres nos departamentos do Clube e maior representatividade na tomada de decisões, para evitar que ações machistas sejam divulgadas como positivas.

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