quarta-feira, 16 de agosto de 2017

SITUAÇÃO DRAMÁTICA DO MOGI MIRIM

Por: Dr. Júlio - 16 de Agosto de 2017 - 12:24
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A maioria dos clubes do interior vive situação financeira dramática. O Mogi é do Estado mais rico do país. Imaginem como estão os mineiros e dos outros estados! Muitos sobrevivem dos empresários que tomaram conta do futebol brasileiro, graças à Lei Pelé. Outros de prefeituras, que tiram recursos de prioridades da população para botar no futebol. Alguns de vaquinhas e dos bolsos de torcedores apaixonados.
Porta-voz do grupo, meia Cristian é vetado de acessar dependências do Vail Chaves e tem apoio dos companheiros; presidente descarta diálogo com jogadores que decidiram não atuar no último sábado
A crise do Mogi Mirim teve mais um capítulo na tarde desta terça-feira. Estava prevista uma conversa do elenco com a diretoria e a presença do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, mas nenhum representante do clube compareceu.
Em sinal de apoio ao meia Cristian, ex-Palmeiras e Ponte Preta e que foi proibido de entrar no estádio, o grupo se reuniu na calçada para deliberar sobre os próximos passos da greve em decorrência dos salários atrasados.
Por enquanto, o impasse continua. Em ebulição nos bastidores e na lanterna do Grupo 2 da Série C, o Sapo caminha a passos largos para o rebaixamento à quarta divisão nacional.
O presidente Luiz Henrique de Oliveira descartou negociar com os atletas. Para ele, o diálogo entre as partes acabou no momento em que os jogadores resolveram não atuar no último sábado, acarretando na derrota por WO para o Ypiranga. A partir de agora, o tratamento com a maioria será na esfera judicial.
– Eles tomaram a decisão deles de não entrar em campo e aí encerraram qualquer conversa. Vamos tratar a questão nas esferas trabalhistas e judicial. Aqueles que não estavam com o salário atrasado, vamos cobrar. Quem estava com o salário, vamos indenizar. O clube sabe o que precisa pagar. Agora é discutir na Justiça. Quem estiver certo, a Justiça vai dar razão – afirmou Luiz Henrique.
– Tomaram a decisão deles, encerrou qualquer conversa com eles. Vamos tratar a questão nas esferas trabalhistas e judiciais. Aqueles que não estão com salários atrasados, vamos cobrar. Vamos discutir. Clube vai ter de indenizá-los. 80% do grupo não está atrasado. Vamos cobrar judicialmente. Vamos discutir na Justiça. Quem estiver certo, a Justiça vai dar razão.
Apesar do discurso, a orientação entre os jogadores é esperar uma posição oficial do presiente até quarta-feira, quando eles pretendem voltar a treinar. Se ao menos um mês da dívida for pago, vão para o jogo contra o Tupi, sábado, às 16h, em Juiz de Fora. Caso contrário, o Sapo corre o risco de dar o segundo WO consecutivo. A equipe não treina desde terça-feira passada.
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– Ele (presidente) ficou de vir, mas até agora não está aqui. Vamos escutar, mas sabe que vai vir balela de novo. É a primeira vez que passo por uma situação humilhante assim. Estou até agora por causa dos garotos. Muitos estão cansados disso. Estão a mercê disso. 19 anos, não viu nada, vai achar que futebol é isso. E futebol é mais que isso. O Mogi não era assim. Se fosse um atraso de dois meses, até três, jogaríamos com certeza. Mas são seis meses, alguns quatro ou cinco meses. Fica difícil – afirmou o meia Cristian, que prometeu tomar providência sobre o veto de acessar as dependências do estádio.
– É antiético, não deixou eu entrar, mas sou funcionário do clube. Com certeza vou na delegacia fazer o protocolo que tem de ser feito. É inadmissível. Estamos apenas buscando os nossos direitos, não poderia ser de outra forma.
Sobre Cristian, o presidente Luiz Henrique de Oliveira disse que o contrato do meia foi rescindido no último sábado e, por isso, ele não faz mais parte do quadro de funcionários do clube.
– Não tenho mais nada a falar sobre ele. Vamos discutir na esfera judicial só.
Ao todo, 19 atletas acompanharam os desdobramentos do caso nesta terça-feira, ao lado de três integrantes do Sindicato: os diretores Mauro Costa e Osmir Baptista e o advogado Guilherme Martorelli. Eles foram com o intuito de intermediar as conversas, mas encontraram resistência.
– Nós apoiamos qualquer decisão dos atletas. Se eles entrarem em campo, estamos juntos. Se eles não forem jogar, estamos juntos também. A crise é que promete que vai pagar e não paga. Tem família por trás desses meninos. Todos precisam receber. Estamos brigando por um direito deles. Ele (presidente) permitiu a entrada por telefone, mas chegamos aqui e fomos barrados. Te prometo um abraço e te dou um soco. É difícil essa negociação – comentou Mauro Costa.
Com cinco anos de casa (chegou aos 15 e agora tem 20), o atacante Ruster não lembra de ter passado por situação semelhante no Mogi Mirim. Ele diz que não recebe do clube há aproximadamente 10 meses.
– Graças a Deus não estou passando fome, estou aqui pare receber meu salário. Faz uns dez meses que não recebo. Fui emprestado no começo do ano, recebi no outro clube, mas não aqui. O presidente não está cumprindo com o que o falou. Todo trabalhador é merecedor do dinheiro que tem para ganhar. A gente trabalha para receber. Ainda tenho esperança que um dia vamos receber.
A diretoria tem poucos dias para tomar decisões que certamente vão mexer com o futuro do clube. Se não voltar a jogar na Série C, o Mogi Mirim corre risco de sofrer sanções da CBF e ser excluído de competições nacionais por dois anos. A diretoria descarta a possibilidade e estuda opções para as quatro rodadas que restam.
A principal hipótese é usar jogadores das categorias de base e buscar no mercado peças que aceitem defender o time nesta reta final de competição. Na tabela da Série C, o Sapo tem dez pontos, a cinco de sair da zona de rebaixamento.

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