sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cadeia na Suiça é “tão boa” que Marin era carregado por outros detentos

Por: Dr. Julio - 15/01/2016 - 12:51 de 2016 às 09:23
marinmaraca
A corrupção no Brasil é do jeito que é por causa do tratamento manso que corruptos e corruptores têm na apuração e na aplicação das leis. Aí quando surgem uns raros Rodrigos Janot”, “Joaquims Barbosas” e “Sergios Moros”, vem também um sopro de esperança, de que as coisas passem a funcionar como deveria.
No futebol e nos esportes em geral ainda estamos andando em passos de tartaruga. Só mesmo com a entrada do FBI para que alguns gatunos se dessem mal. E só caíram na ratoeira porque estavam em país que tem acordo de extradição por corrupção com os Estados Unidos. Isso acendeu um sinal de alerta para os demais, que não saem do Brasil nem para receber dinheiro, já que sabem que ratoeiras estão armadas para eles em incontáveis aeroportos do mundo.
Vejam a situação do José Maria Marin, que nadou de braçada no Brasil desde os anos 1960, na política e no futebol. Felizmente, está comendo o pão que o diabo amassou, mas já no fim da vida, com os seus 83 anos de idade, porque achava que o braço da justiça não alcançaria mais. No Brasil sim, ele pensava certo, mas não sabia que o FBI estava com um bote armado e que só aguardava o famoso Congresso da FIFA em Zurique, onde a maioria dos “espertos” do futebol mundial estaria reunida lá.
Muita gente pensa que as condições de uma cadeia na Suiça são semelhantes à de um bom hotel, mas não é bem assim. Ou que a prisão “domiciliar” nos Estados Unidos, em prédio de luxo, é tranqüila. Nada disso.
Vejam estes relatos de advogados do Marin à Folha de São Paulo, sobre as condições da cadeia onde ele estava na Suiça e da “domiciliar” em Nova Yorque:
* “Marin era carregado por outros detentos em prisão na Suíça”
Uma cela com espaço que ia pouco além do reservado para a cama. No fundo dela, um buraco que cumpria a função de banheiro. Na porta, de ferro, uma pequena passagem onde entregavam a ele a alimentação diária.
A estadia de José Maria Marin nos cinco meses na prisão suíça, nos arredores de Zurique, faz com que familiares temam por sua saúde caso tenha de ir à prisão comum nos EUA. Isso pode ocorrer se não cumprir acordo de fiança feito para ficar “em casa”.
“A cela dele na Suíça ficava no quarto subsolo. No início ele subia tranquilamente para o banho de sol, mas depois não conseguia. Dois detentos holandeses ficaram com pena e o carregavam”, disse à Folha seu advogado e amigo Mauro de Morais.
Nos EUA, onde vive em prisão domiciliar no apartamento que possui na Trump Tower, em Nova York, a vista da janela dá para o Central Park, um dos parques mais conhecidos do mundo e grande ponto turístico.
Logo na porta de entrada, uma grande câmera filma e fotografa todas as pessoas que entram e saem do apartamento.
Ao lado, ainda dentro do apartamento, policiais se revezam 24 horas como vigias de Marin.
Quando se reúne com alguém, sentado na sala de estar, o policial de plantão acompanha a conversa. Marin custeia todo o aparato de segurança colocado em sua casa, como as câmeras, os seguranças e até a tornozeleira eletrônica que usa 24 horas.
O ex-presidente da CBF só pode sair de casa com a permissão da Justiça, para ir a lugares combinados no acordo de prisão domiciliar, como igreja, consultas médicas e mercados para a compra de produtos de higiene e uso pessoal.
* “Com dificuldade para garantir fiança, Marin teme voltar à prisão comum”
A novela iniciada com a divulgação do maior escândalo da história da Fifa e da CBF, em maio de 2015, se aproxima de capítulo relevante.
A um dia de terminar o prazo concedido pela Justiça dos EUA para José Maria Marin apresentar carta de crédito de US$ 2 milhões (R$ 8 milhões), parte doacordo para permanecer em prisão domiciliar no país, advogados e familiares do ex-presidente da CBF ainda encontram dificuldade para conseguir o documento.
A carta faz parte da fiança de US$ 15 milhões, que inclui ainda a garantia do apartamento em Nova York, onde ele vive sob vigilância, e o pagamento de US$ 1 milhão em dinheiro (R$ 4 milhões), ambos já efetuados. Se ele não cumprir o acordo (caso de fuga, por exemplo), o valor da carta de crédito é resgatado pelo governo dos EUA.
Se não entregar a carta até esta sexta (15), Marin deve perder o direito de viver no apartamento e ser transferido para uma penitenciária.
Essa hipótese preocupa sua família, já que ele esteve deprimido no período de mais de cinco meses em que ficou preso na Suíça.
O ex-presidente da CBF foi extraditado para os EUA em 3 de novembro. Marin é acusado pelos EUA de participar de esquema de subornos para a comercialização de jogos e direitos de marketing de competições, o que ele nega.
O grande obstáculo para a obtenção da carta é que a promotoria americana exige que o documento tenha o aval de uma instituição dos EUA.
De acordo com um de seus advogados, Mauro de Morais, Marin não pode pegar o empréstimo diretamente nos EUA por não ser cidadão do país. Depende assim de carta emitida por empresa brasileira que, depois, seja garantida por outra instituição no país em que está preso. Morais admite que não está fácil obter o documento.
“No Brasil houve tentativa em grandes instituições, sem sucesso”, disse àFolha Morais. Além de advogado de Marin na área cível, ele é amigo do ex-cartola.
Segundo Morais, há negociação em andamento com uma seguradora de grande porte no Brasil, cujo nome ele não revela. Essa empresa tem uma seguradora parceira nos EUA, que poderia conceder a garantia exigida. O problema é que o tempo está correndo.
“Se não conseguirmos nada, o juiz pode conceder mais algum prazo, outros 30 dias. Ou na segunda (18), o dr. Marin pode ser levado a uma prisão comum”, afirma Morais.
MANSÃO À VENDA
O advogado afirma que a dificuldade em conseguir a carta de crédito não significa que Marin não possa dar garantias. Imóveis do ex-cartola estão à venda para tentar obter liquidez, mas os bens também podem ser incluídos nas negociações.
Um exemplo: como garantia à seguradora, Marin daria propriedade que tem na região dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, avaliada recentemente pela imobiliária Coelho da Fonseca em R$ 23,8 milhões, ou seja, quase três vezes o valor da carta em reais.
No Brasil, houve tentativas de conseguir a carta até com instituições menores. Uma empresa de Goiás, o Infinite Bank, chegou a emitir uma minuta da carta de crédito, para ser apresentada na corte americana.
A promotoria, contudo, não aceitou, alegando que precisava de uma garantia de um banco americano e que o Infinite não estava registrado no Banco Central brasileiro.
A Justiça americana não se pronunciou sobre o caso.
“EUA recusam carta de crédito, e Marin pede mais tempo para pagar fiança”

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